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domingo, 26 de outubro de 2014

DE ONDE NASCE O BULLYING?*






Se pensarmos bem sobre a vivência de ser intimidado (bullying), quer a tenhamos sofrido ou a assistido de perto, veremos que há sempre um conteúdo de vingança na intimidação. Curiosamente, a intimidação é praticada, justamente, pelas pessoas que se sentem ameaçadas ou privadas de algum bem de usufruto que um colega possui ou que ele crê que possui. Estes bens podem ser tanto materiais, como uma posição de prestígio, ou de ser amado.
O desejo de igualdade e justiça acaba por esconder seu verdadeiro objetivo que é fazer com que o outro, o rival, sinta-se exatamente como nós, sem nada.
Hoje em dia, o mundo moderno valoriza não o que se é, mas o que se tem. Acredita-se que o ter é igual a poder usufruir da vida.

Aquele que exerce a intimidação em geral é uma pessoa que teme muito perder. Isto pode ocorrer porque esta pessoa já teve vivências dramáticas, vivências de privação, ter sido vítima de bullying, ou pela resolução que deu a seu conflito invejoso[1].  O Intimidador é aquele que por temer em demasiado perder, e sabe disto, se vale de uma tentativa de liderança, atacando um colega semelhante, pessoa que tem uma fragilidade que ele identifica como igual à sua, garantindo a sua liderança e, portanto, sua imunidade ao ataque - ataca para se assegurar que não será atacado. Embora negue, o agressor está fortemente identificado com sua vítima.

Vemos que há um grande correlato entre pessoas que dizem ter sofrido uma intimidação e as que exercem uma intimidação. Ou seja, o pensamento do tipo: “já que fizeram comigo, faço por vingança” parece estar em uma parcela significativa dos casos.
Isto também nos lembra dos jogos infantis, nos quais veremos que a criança repete justamente o que há de mais desagradável para si. Esta curiosa repetição é a forma de dominar suas vivências desagradáveis. Domínio este que lhe dá prazer.

Por fim, situação que muito instiga pais e educadores é o fato das vítimas não pedirem socorro. Isto parece acontecer, em parte, pelos mesmos mecanismos. Por se ver identificado com o intimidador, que usufrui do prestígio de líder, a vítima teme perder seu lugar junto ao líder e a ele se submete. Mas, creio que na primeira oportunidade de exercer esta atividade - de intimidar - ele irá fazer, por vingança, mesmo que em outro colega ou ambiente.

Está aí uma boa chave para a discussão do tema, tanto entre pais e educadores, como em um grupo em que este processo esteja ocorrendo.





*Baseado nos comentários realizados na banca de TCA de Bruna Carvalho Simões no Colégio Oswald de Andrade (2013).


[1] Leia mais sobre os sentimentos de inveja no texto publicado sobre o tema neste blog.

domingo, 2 de setembro de 2012

E A PIMENTA CIUMENTA ATACA NOVAMENTE !


Lidar com os ciúmes dos filhos não é tarefa fácil. Em geral, acreditamos que é um problema apenas entre irmãos, mas logo que se inicia a convivência em grupo, vemos que todos, adultos e crianças, passamos pelo drama do ciúme. E aí está a primeira grande chave para lidar com a questão: assumir que ciúme existe e todos nós sentimos.
Então, acredito que a melhor maneira de ajudar os nossos pequenos é disponibilizar para eles a nossa compreensão das coisas, ajudando-os a entender alguns sentimentos que por vezes não são fáceis de ter.
Sou mãe de duas crianças com pouca idade de diferença. Sei que o drama dos ciúmes é quase cotidiano. Bom... mas como não ter ciúmes de ser a  "pêssega" da mamãe? Ou ser a "bochechinha cereja" mais linda do mundo? As cenas de manifestações de ciúmes são infernais, quase inibem os nossos mais apaixonados afetos pelos filhos, o que também é muito ruim.
Foi, então, que a anti-heroína Pimenta Ciumenta surgiu em nossa casa. Ataca a todos nós, sem exceção! Em geral, quando uma criança está recebendo muita atenção, ouvimos o choro da outra sendo atacada por ela:
- Puxa vida! Olha a Pimenta Ciumenta, tá atacando! Vem para cá, pertinho, você também, que a gente faz ela ir embora.
Como esta Pimenta Ciumenta é chata, também ataca sempre quando estamos sozinhos, hein?
Hora da refeição e as crianças brigam para ver quem é que vai sentar perto do pai. Não é que a Pimenta também atacou a mamãe?!
O fato é que esta anti-heroína ajudou tanto a elaborar e mataforizar este dramático cotidiano que, recentemente, até a convidei para participar dos ateliers terapêuticos que coordeno – ela fez bastante sucesso!