
A
personalidade é um conjunto de fatores que abarca tanto aspectos congênitos,
com os quais nascemos; como aspectos constituídos na relação com o outro. Ela é
resultante das nossas vivências.
Quando
nascemos, o nosso sistema neuromotor é extremamente imaturo e ainda não temos a
competência de expressar o que vivemos, sentimos ou mesmo como pensamos. Na
verdade, o pensamento é resultado de um processo que se constitui na
experiência com o outro, principalmente na relação com quem exerceu os primeiros
cuidados com o bebê.
Ao
nascer, alguns bebês são mais ativos e outros mais passivos. Assim como há mães
mais pacientes, calmas e outras mais ansiosas e impacientes. Esta interação
terá bastante influência na constituição de cada um.
O
recém-nascido está sujeito a uma série de sensações que se originam tanto de
estímulos externos, como dos órgãos internos. Ao sentir desconforto, ele é
incapaz de agir de forma a interromper esta sensação, só lhe resta chorar. Ao
atendê-lo, a mãe dá respostas com o intuito de apaziguá-lo no seu desconforto.
Estas respostas vão se marcando como prazerosas quando lhe aliviam o mal estar.
Será a partir destas experiências que vai se constituindo sua história.
Em
geral, a família cria muitos ideais para o seu filho. Ele se insere em um
projeto familiar. Para ilustrar, conto a
piada da mãe que sai para passear toda orgulhosa com os seus bebês gêmeos.
Encontra uma amiga que pergunta: "Quem são?" A mãe responde: "Este
é médico e o outro é o engenheiro."
Vemos,
então, como um bebê está inserido em um contexto de ideais familiares. É claro
que estes ideais não são só de coisas positivas. Também podem consistir em um
pensamento do tipo: “será mais feliz em seu casamento do que eu”; ou algum
temor da história dos progenitores: “não será tão louco como a tia”.
O
que procuro ilustrar, é como ao chegar em uma família, a criança vem para
ocupar, ou negar um lugar de expectativas. Este lugar é marcado como um ideal
para esta criança. Lugar idealizado a ser cumprido ou a ser questionado.
Podemos
afirmar que a personalidade do bebê é fortemente marcada pelo vivenciado. Todos
nós conhecemos o jogo de “cadê/achou” dos pequenos. Este jogo pode ser tomado
por metáfora de como o jogo de identificações acontece: ao perguntar para a
criança: "Cadê o Joãozinho?" A imagem que irá aparecer será a do
adulto que está brincando e que
afirma para a criança ao aparecer: “Achou o Joãozinho!!!”
O
processo de identidade é muito parecido com o jogo de “cadê/achou”. Na procura
do objeto de satisfação, o que aparece é a imagem do outro, do ideal dado pelo
outro. Esta experiência regerá o que será a personalidade do bebê. Ou seja, a
personalidade será editada sobre a experiência dos primeiros anos de vida. O
aparelho psíquico se organiza de forma cada vez mais complexa por toda a infância.
Há
marcos importantes do desenvolvimento psíquico infantil que podem ser
observados e a ausência deles pode ser um alerta para os pais:
·
O bebê olha nos olhos daquele que fala com
ele desde o nascimento.
·
O sorriso diante da presença de uma pessoa é
esperado do 2º ao 3º mês.
·
Após o 4º mês, o bebê chora quando a pessoa
se afasta dele.
·
Ele deve balbuciar em torno do 4º ou 5º mês.
·
Reconhece sua imagem no espelho e jubila
diante dela a partir do 6º mês.
·
Sabe, deliberadamente, provocar o outro para
que lhe dê carinho e atenção no 7º /8º mês.
Durante
o primeiro ano, o bebê vai desenvolvendo a motricidade e a fala.
Em
torno dos dois anos de idade, em geral, é um momento difícil par alguns pais, pois
a criança já goza da autonomia motora, faz tudo para testar os limites e
provocar os pais, obrigando-os a constantemente dizer não. Isto não que dizer
que o filho será terrível ou difícil, apenas está experimentando sua autonomia.
Nesta
ocasião, veremos de forma incipiente como a personalidade do sujeito começa a
se delinear. Como disse, é um processo que se constitui por toda a infância a
partir da experiência individual e única de cada um. Vivência que será
reeditada na adolescência para ai, sim, se fixar, caracterizando o estilo de
cada um.
Mto bom Mira, abordou mto bem a questao do projeto familiar.
ResponderExcluirParabéns pelo blog, continuarei recomendado.
Bjos
Mariana
Obrigado!!!
ResponderExcluirComentários e sugestões são sempre bem vindos!!!