Escutar aqueles que não
falam e propor um modelo para esta clínica, aparentemente, para alguns, pode
soar absurdo, uma vez que dentro dos paradigmas psicanalíticos supomos que é
necessário um sujeito que fale e outro que escute sobre uma transferência. Os
bebês e a maioria das crianças que sofrem das patologias precoces do contato com
o outro não falam, mas sempre são acompanhados por aqueles que muito têm deles
a falar.Psicanálise com adultos, crianças e bebês. Quando procurar? Por que fazer um atendimento familiar? Isto e muito mais: o blog procura reunir uma série de reflexões baseadas na clinica cotidiana de um psicanalista.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
UMA CLÍNICA PARA QUEM NÃO FALA
Escutar aqueles que não
falam e propor um modelo para esta clínica, aparentemente, para alguns, pode
soar absurdo, uma vez que dentro dos paradigmas psicanalíticos supomos que é
necessário um sujeito que fale e outro que escute sobre uma transferência. Os
bebês e a maioria das crianças que sofrem das patologias precoces do contato com
o outro não falam, mas sempre são acompanhados por aqueles que muito têm deles
a falar.domingo, 26 de agosto de 2012
A CRIANÇA, SUA MÃE, SUA CHUPETA E A LOJISTA.
Nesta ocasião, ela pode ser um fator que prejudique a aquisição da fala. E os pais começam a ir atrás das receitas e de uma almejada solução milagrosa. Todo mundo terá uma história para contar: algumas bem sucedidas, outras sofridas. Há crianças que reagem muito bem e colaboram, sentindo que estão crescendo, outras ficam enfurecidas investindo todo seu ódio contra os pais.
domingo, 19 de agosto de 2012
O DILEMA DOS PAIS DIANTE DO SONO DO FILHO
Minha filha, com quase dois anos e meio, costumava visitar a cama dos pais durante a noite. Numa dessas típicas conversas diurnas sobre o assunto, ela questionou: “Eu não quero dormir sozinha”. Expliquei que ela dormia junto com a sua irmã mais nova, no mesmo quarto.
“Não, mamãe, ela tem o berço dela. Eu não quero dormir sozinha!”, ela exclamou.
“Bom, quando você crescer, vai ter um namorado, vai se casar e dormir com ele”, eu disse.
“E isso vai demorar muito?”, ela perguntou.
Minha filha de quatro anos é uma destas crianças que, junto conosco, desenvolveu rituais muito criativos para dormir. Tão criativos, que transformaram o ato de dormir em uma complicada tarefa de horas; e, claro, nossas vidas, em um inferno.
Como “santo de casa não faz milagre”, fui atrás dos inúmeros textos e materiais sobre como lidar com o adormecer do filho. E logo um dilema se impôs: se, por um lado, a escola cognitivista fornece uma série de receitas de como adaptar o filho a um comportamento esperado (tipo “nana nenê”); por outro lado, meus colegas psicanalistas costumam dizer que “por trás de todo distúrbio de sono, há um grande problema escondido no armário”.
Os esquemas comportamentais, às vezes, podem ser muito úteis, principalmente nas situações em que é necessário ensinar uma criança a dormir e tirar a chupeta. A ressalva está mais na forma como eles são adotados, do que em seu viés educativo. É certo que temos que ensinar nossos pequenos a dormirem sozinhos, mas é complicado deixá-los por muito tempo chorando, em desamparo, até cairem em exaustão.
Pois é certo que o sono das crianças, assim como o dos adultos, varia do estado mais profundo para o mais desperto. Nesse estado mais desperto, a criança checa se os rituais ou objetos necessários para seu adormecer estão presentes. Caso não estejam, ela chora, chama os pais etc. Portanto, os pais precisam ensinar a criança a prescindir dos “rituais amalucados” a que está acostumada para conciliar o sono, para, então, se conformar apenas com um travesseiro, bichinho ou, simplesmente, sua cama.
Bom, e aí? O que fazer? Se tento acabar com as pequenas “manias”, posso estar “abafando” um problema; se as mantenho, enlouqueço! A solução encontrada foi, sem dúvida, uma medida pedagógica, com prêmios, conquistas marcadas em calendário e pequenas metas a serem atingidas. Em um mês, minha filha conseguiu adormecer sozinha, e creio que foi muito bom para ela essa conquista de autonomia. Digo também que é extremamente útil, nessas situações, os pais se questionarem o porquê da criação de todos esses rituais, ou mesmo conferirem se há um problema, um “probleminha”, ou, ainda, um monstrão guardado no armário. E é justamente com esses questionamentos e práticas que esse possível “monstrão” pode aparecer e, assim, ser devidamente combatido.
POR QUE MEU FILHO AINDA NÃO FALA?
CONSTRUIR TUDO QUE VEM À CABEÇA. UM DISPOSITIVO DE TRATAMENTO CLÍNICO
Diante da dificuldade clínica de se trabalhar com crianças e adolescentes que pouco têm o hábito de conversar com um adulto sobre suas vivências, desenvolver alguns artifícios que superassem esta dificuldade tornou-se um desafio.
“Construir tudo que vem à sua cabeça” passou a
ser o mote destes atendimentos em atelier. Sentença que se mostrou extremamente atrativa para
estes jovens, na faixa etária dos nove aos quatorze anos, momento em que
associar livremente apenas com palavras parece estar inibido ou latente. Passei, então a adotar a construção com sucatas como instrumento
de trabalho.
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