domingo, 19 de agosto de 2012

POR QUE MEU FILHO AINDA NÃO FALA?



Ao colocar nossos filhos na escola, inevitavelmente, nós pais começamos a comparar os pequenos. É obvio que encontraremos inúmeras diferenças entre eles, tanto no seu desenvolvimento como nas aptidões de cada um. A fala, em geral, será o que nos gera mais ansiedade.
É sempre bom lembrar que cada criança tem um ritmo próprio de desenvolvimento e, surpreendentemente, algumas crianças estão cada vez mais precoces. Esta precocidade não invalida que as primeiras palavras com significado sejam esperadas até os dois anos. O fato de uma criança não iniciar cedo a fala também não significa que terá outras aquisições tardias. Mas a ansiedade dos pais em torno do problema pode, sim, deixar suas marcas.
Cabe aqui ressaltar que, nesta idade, o mais importante é que a criança esteja na linguagem, isto é, que determinados sons e sinais tenham o mesmo valor de comunicação.
Alguns comportamentos e fatos na história da criança podem ser norteadores para os pais saberem se devem ou não consultar um profissional especializado. Ao final do segundo ano de vida, espera-se que a criança faça uso da voz para se comunicar, goste de ouvir música e de brincadeiras rítmicas. Atenda pelo seu nome quando chamada e tenha interesse por crianças da mesma idade, não preferindo brincar isolada. Mas desde os primeiros meses seria esperado que a criança olhasse nos olhos da mãe ao ser amamentada, sorrisse (até 3m), balbuciasse (em torno de 4m) e se voltasse
para a pessoa que entra no ambiente onde está (até 4m), oferecesse partes do corpo para brincadeiras (até 8 meses), usasse sílabas repetitivas (em torno de 9m).
O principal fator de preocupação no atraso da fala seria uma perda auditiva que poderia estar vinculada a inúmeros fatores, entre eles: problemas congênitos, prematuridade, ter permanecido por longo período em incubadoras, uso de antibióticos ototóxicos nos primeiros dias de vida, rolha de cera no ouvido, quadros de otite média.
Em segundo lugar, pautaria-se os fatores emocionais e relacionais. Desde a concepção a criança é imaginada pelos pais. Antes mesmo de seu nascimento são feitos planos para o filho dando-lhe um lugar único e próprio no mundo. Desta forma, em torno do bebê irá circula uma série de dizeres. Quando nasce, os pais, a família, lhe falam, em geral, modulando a voz de um modo todo particular, despertando, no bebê, um interesse na comunicação. Nestas conversações com o bebê, já se supõe que ele seja um bom interlocutor e alguns de nós chegamos até a responder em nome do filho, abrindo-lhe este mundo de desejos e projetos. Problemas nesta comunicação podem ser geradores de atraso da fala.
Por fim, atitudes super protetoras com a criança, também podem gerar inibições na fala. Quando os pais se preocupam exageradamente em suprir todas as necessidades do filho não lhe dando nem a oportunidade de precisar comunicá-las.
No cotidiano, a melhor sugestão que podemos dar é: converse bastante com a criança, estimule-a a responder. Não corrija sua fala, apenas repita o que ela está tentando lhe dizer da forma correta, sem expressar reprovação. Faça brincadeiras musicais e rítmicas. Procure falar e brincar frente a frente com a criança. Não esqueça, o mais importante é que estes momentos sejam de muito prazer.

por Mira Wajntal, psicanalista e  Maricy T de Almeida Fenga, fonoaudióloga

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