Ao colocar nossos filhos na escola, inevitavelmente,
nós pais começamos a comparar os pequenos. É obvio que encontraremos inúmeras
diferenças entre eles, tanto no seu desenvolvimento como nas aptidões de cada
um. A fala, em geral, será o que nos gera mais ansiedade.
É
sempre bom lembrar que cada criança tem um ritmo próprio de desenvolvimento e,
surpreendentemente, algumas crianças estão cada vez mais precoces. Esta
precocidade não invalida que as primeiras palavras com significado sejam
esperadas até os dois anos. O fato de uma criança não iniciar cedo a fala
também não significa que terá outras aquisições tardias. Mas a ansiedade dos
pais em torno do problema pode, sim, deixar suas marcas.
Cabe
aqui ressaltar que, nesta idade, o mais importante é que a criança esteja na
linguagem, isto é, que determinados sons e sinais tenham o mesmo valor de
comunicação.
Alguns
comportamentos e fatos na história da criança podem ser norteadores para os
pais saberem se devem ou não consultar um profissional especializado. Ao final
do segundo ano de vida, espera-se que a criança faça uso da voz para se
comunicar, goste de ouvir música e de brincadeiras rítmicas. Atenda pelo seu
nome quando chamada e tenha interesse por crianças da mesma idade, não
preferindo brincar isolada. Mas desde os primeiros meses seria esperado que a
criança olhasse nos olhos da mãe ao ser amamentada, sorrisse (até 3m),
balbuciasse (em torno de 4m) e se voltasse
para a
pessoa que entra no ambiente onde está (até 4m), oferecesse partes do corpo
para brincadeiras (até 8 meses), usasse sílabas repetitivas (em torno de 9m).
O
principal fator de preocupação no atraso da fala seria uma perda auditiva que
poderia estar vinculada a inúmeros fatores, entre eles: problemas congênitos,
prematuridade, ter permanecido por longo período em incubadoras, uso de
antibióticos ototóxicos nos primeiros dias de vida, rolha de cera no ouvido,
quadros de otite média.
Em
segundo lugar, pautaria-se os fatores emocionais e relacionais. Desde a
concepção a criança é imaginada pelos pais. Antes mesmo de seu nascimento são
feitos planos para o filho dando-lhe um lugar único e próprio no mundo. Desta
forma, em torno do bebê irá circula uma série de dizeres. Quando nasce, os
pais, a família, lhe falam, em geral, modulando a voz de um modo todo
particular, despertando, no bebê, um interesse na comunicação. Nestas
conversações com o bebê, já se supõe que ele seja um bom interlocutor e alguns
de nós chegamos até a responder em nome do filho, abrindo-lhe este mundo de
desejos e projetos. Problemas nesta comunicação podem ser geradores de atraso
da fala.
Por
fim, atitudes super protetoras com a criança, também podem gerar inibições na
fala. Quando os pais se preocupam exageradamente em suprir todas as
necessidades do filho não lhe dando nem a oportunidade de precisar
comunicá-las.
No
cotidiano, a melhor sugestão que podemos dar é: converse bastante com a
criança, estimule-a a responder. Não corrija sua fala, apenas repita o que ela
está tentando lhe dizer da forma correta, sem expressar reprovação. Faça
brincadeiras musicais e rítmicas. Procure falar e brincar frente a frente com a
criança. Não esqueça, o mais importante é que estes momentos sejam de muito
prazer.
por Mira Wajntal, psicanalista e Maricy T de Almeida Fenga,
fonoaudióloga
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