domingo, 14 de outubro de 2012

COMO É DIFÍCIL LIDAR COM ESTA INVEJA!!!!


É comum  nos deparamos mordidos com o sentimento de inveja, ou nos sentimos injustiçados. Isto parece convocar o pior de cada um de nós.
Como entender ou lidar com isto?
Estes sentimentos que geralmente identificamos como negativos estão ligados a vivências das mais primitivas da nossa estrutura psíquica. Por mais que pareça justamente o contrário, são base do sentimento social, denominados sentimentos gregários – se constroem a partir do desejo compartilhado pelos membros de um grupo que haja justiça, ou seja, um tratamento igual para todos.
Para compreendermos como a mudança deste afeto acontece, vamos falar um pouco das nossas primeiras relações, pois estes sentimentos sociais não são inatos, mas construídos progressivamente ao longo da infância. Portanto, o sentimento comunitário não é encontrado nas crianças. Este tem por origem um sentimento primitivamente hostil, a inveja, que se transforma em um desfecho positivo, a identificação.
A identificação se constituirá a partir da inveja experimentada pelas crianças, muito precocemente, ao iniciar sua convivência com outras crianças, semelhantes a ela, e se verá na condição de disputar o amor e a atenção de uma pessoa amada. A hostilidade experimentada em relação ao rival é extremamente ameaçadora, na medida em que a criança reconhece  que a expressão de sua hostilidade pode significar o afastamento do ente querido, objeto de seu amor, obtendo assim, resultado oposto à sua verdadeira intenção.  O sentimento social ganha sua força ao reivindicar toda atenção de um líder e temer a disputa dos rivais. Desta forma, rivais a princípio acabam por se identificar devido ao fato de amarem o mesmo objeto
Mas por que, então, sentimos a inveja como hostil e fulminante em nossas vísceras, uma vez que tais sentimentos parecem desembocar justamente nos ideais sociais e comunitários?
O ideal altruísta de justiça  tendenciosamente esconde algo muito mais egoísta e individualista: seu verdadeiro objetivo é se certificar de que o rival fique sem nada, exatamente como nos sentimos. A inveja não é dirigida a um outro genérico, mas sim a um outro específico, que tem coisas das quais sentimos que não temos.
O que invejamos não está ligado à nossa sobrevivência, nem é necessariamente útil. O objeto da inveja é o que irá satisfazer o outro com o qual nos comparamos e nos identificamos. Assim, o que causa inveja, não é a posse do objeto, mas a fruição de prazer que o rival obtém com este objeto. É a imagem da satisfação do outro que nos captura. O invejoso nada mais é aquele que almeja a mesma satisfação.
Esta compreensão, nos põem diante de uma situação muito desconcertante! Realmente, dá pano para manga, muitas conversas e temas que irei desenvolver em outras oportunidades.

3 comentários:

  1. Recebi o seguinte comentário de Afranio Dias pelo Linkedin. Ele contribui bastante com o texto:• "A inveja surge a partir de algo bom ou belo que o invejoso vê no outro. (latim videre= ver) (latim inveja=invídia) in-vídia e videre, a mesma raiz. O problema ao se lidar com a inveja é que é impossível satisfazer ao invejoso uma vez que sua satisfação se encontra no infortúnio do outro. Ao contrário do ciúme que exige um terceiro, a inveja se dá numa relação espelhada diretamente com o outro.A inveja não suporta ver (videre) o bem do outro, por isso é altamente destrutiva. O melhor é evitar ou desconsiderar para não ser petrificada como no mito da Medéia."

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  2. Afranio Dias segue comentando: "Outro problema da inveja é sua origem arcaica da época da amamentação e dado a sua origem, como todos humanos viventes somos mais, ou menos sujeitos a ela. Mas uma vez tomada a consciência desse fenômeno, podemos lidar com ele assim que ele surge de forma que ninguém saia prejudicado."

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Mira