domingo, 16 de setembro de 2012

DESENTENDIMENTOS DO CASAL SOBRE A EDUCAÇÃO DOS FILHOS...


Todos os pais ou casais já enfrentaram discussões, aparentemente sem fim, devido a divergências banais, quer sejam referente à educação do filho, quer por ideais ou interesses divergentes. Também não é raro que um dos pais venha a atribuir o comportamento indesejado do filho ao parceiro.
O que está acontecendo?
Como saber a hora e o tipo de ajuda que podemos procurar?
Podemos pensar estes episódios sob dois aspectos: o do casal e o da criança.
Para pedir socorro referente a algo que não vai bem ou a faz sofrer, uma criança lança mão de comportamentos que incomodem alguém próximo, em geral, os pais. É a sua maneira de expressar o que não consegue falar claramente como um adulto. Não se espera que uma criança consiga convocar um adulto para discutir a relação ou dizer que está magoada com alguma atitude ou decisão. Mas é freqüente que comece a ficar agressiva, ir mal na escola ou a se recusar a entender a matemática.
Na clínica, chamamos isto de um sintoma que comunica algo para um destinatário certo. E com o trabalho de escuta poderemos decifrar para quem é a mensagem e o porque desta mensagem. É por isto que alguns terapeutas especializados em crianças despendem uma parte do trabalho escutando os pais.
Esta parte do atendimento presume que, primeiro, a mensagem chegou de algum jeito e fez o seu efeito, portanto já há um trabalho para se realizar. Ou seja, o ato da criança incomoda e, ao incomodar, entendemos que ele é uma mensagem que chegou, mesmo que desta forma torta ao seu destinatário. Então teremos de checar como o destinatário, geralmente os pais, lidam com esta mensagem e se estão prontos para mudar de atitude.
Por exemplo, uma criança de 6 anos, com queixa de dificuldades no aprendizado, que sempre insistia na escola que os dois patinhos colocados na lousa pela professora são iguais a três e, por mais que se explicasse, ela recusava a explicação. Durante o atendimento do casal, a mãe contou que o filho é adotado e não sabia. Podemos supor que sua dificuldade em matemática pega uma carona no fato de haver um grande mistério em torno de sua origem. Pois na geração dos filhos "um mais um é igual a três". O trabalho feito com esta família foi sobre a possibilidade de contar a verdadeira história da criança para ela. O trabalho de revelação desta história possibilitou a esta criança ter um desempenho muito melhor na escola.
O segundo motivo de se realizar um trabalho com toda família é a suposição de que a criança está em desenvolvimento e, por isto, não tem a maturidade para poder assumir e nem promover uma mudança sozinha, necessitando do apoio dos pais. No exemplo acima, ela não poderia se encarregar sozinha de desvendar o mistério de sua origem. Neste caso, justificou-se tanto atender a família como a criança.
Assim pode-se dizer que quase toda psicoterapia infantil terá que contemplar um atendimento ou familiar, ou do casal, ou dos pais em separado, dependendo da escuta e do diagnóstico que o clínico fará da dinâmica envolvida na queixa.
Algumas vezes, apenas a escuta dos pais será o suficiente para que a criança não precise mais lançar mão do seu sintoma para comunicar o que não conseguia e possa seguir o curso do seu desenvolvimento como o esperado.
Nem sempre o trabalho é longo como uma análise individual de um adulto, mas pode levar qualquer um dos familiares a concluir que queiram um trabalho deste tipo.
Portanto, frente ao comportamento do filho que pode nos parecer insuportável e incompreensivo, vale a pena refletir se o mesmo carrega uma mensagem cifrada sobre suas dificuldades. Quando os pais não conseguem solucionar apenas na esfera familiar, talvez seja indicado consultar um profissional.

4 comentários:

  1. Parabéns Mira! Acompanho suas publicações!
    Abraços!

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  2. Olá Mira,

    Bem interessante a sua proposta do blog. Parabéns!

    abraço,

    Liliana Emparan

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    Respostas
    1. Olá Lilian,
      Obrigado!
      Espero que o Blog também seja um espaço para nossas discuções.

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Obrigado por comentar minhas publicações. Darei um retorno em breve.
Mira