Todos os pais ou casais já enfrentaram
discussões, aparentemente sem fim, devido a divergências banais, quer sejam
referente à educação do filho, quer por ideais ou interesses divergentes.
Também não é raro que um dos pais venha a atribuir o comportamento indesejado
do filho ao parceiro.
O que está acontecendo?
Como saber a hora e o tipo de ajuda que
podemos procurar?
Podemos pensar estes episódios sob dois
aspectos: o do casal e o da criança.
Para pedir socorro referente a algo que não
vai bem ou a faz sofrer, uma criança lança mão de comportamentos que incomodem
alguém próximo, em geral, os pais. É a sua maneira de expressar o que não
consegue falar claramente como um adulto. Não se espera que uma criança consiga
convocar um adulto para discutir a relação ou dizer que está magoada com alguma
atitude ou decisão. Mas é freqüente que comece a ficar agressiva, ir mal na
escola ou a se recusar a entender a matemática.
Na clínica, chamamos isto de um sintoma que
comunica algo para um destinatário certo. E com o trabalho de escuta poderemos
decifrar para quem é a mensagem e o porque desta mensagem. É por isto que
alguns terapeutas especializados em crianças despendem uma parte do trabalho
escutando os pais.
Esta parte do atendimento presume que,
primeiro, a mensagem chegou de algum jeito e fez o seu efeito, portanto já há
um trabalho para se realizar. Ou seja, o ato da criança incomoda e, ao
incomodar, entendemos que ele é uma mensagem que chegou, mesmo que desta forma
torta ao seu destinatário. Então teremos de checar como o destinatário,
geralmente os pais, lidam com esta mensagem e se estão prontos para mudar de
atitude.
Por exemplo, uma criança de 6 anos, com queixa
de dificuldades no aprendizado, que sempre insistia na escola que os dois
patinhos colocados na lousa pela professora são iguais a três e, por mais que
se explicasse, ela recusava a explicação. Durante o atendimento do casal, a mãe
contou que o filho é adotado e não sabia. Podemos supor que sua dificuldade em
matemática pega uma carona no fato de haver um grande mistério em torno de sua
origem. Pois na geração dos filhos "um mais um é igual a três". O
trabalho feito com esta família foi sobre a possibilidade de contar a
verdadeira história da criança para ela. O trabalho de revelação desta história
possibilitou a esta criança ter um desempenho muito melhor na escola.
O segundo motivo de se realizar um trabalho
com toda família é a suposição de que a criança está em desenvolvimento e, por
isto, não tem a maturidade para poder assumir e nem promover uma mudança
sozinha, necessitando do apoio dos pais. No exemplo acima, ela não poderia se
encarregar sozinha de desvendar o mistério de sua origem. Neste caso,
justificou-se tanto atender a família como a criança.
Assim pode-se dizer que quase toda
psicoterapia infantil terá que contemplar um atendimento ou familiar, ou do
casal, ou dos pais em separado, dependendo da escuta e do diagnóstico que o
clínico fará da dinâmica envolvida na queixa.
Algumas vezes, apenas a escuta dos pais será
o suficiente para que a criança não precise mais lançar mão do seu sintoma para
comunicar o que não conseguia e possa seguir o curso do seu desenvolvimento
como o esperado.
Nem sempre o trabalho é longo como uma
análise individual de um adulto, mas pode levar qualquer um dos familiares a
concluir que queiram um trabalho deste tipo.
Portanto, frente ao comportamento do filho
que pode nos parecer insuportável e incompreensivo, vale a pena refletir se o
mesmo carrega uma mensagem cifrada sobre suas dificuldades. Quando os pais não
conseguem solucionar apenas na esfera familiar, talvez seja indicado consultar
um profissional.
Parabéns Mira! Acompanho suas publicações!
ResponderExcluirAbraços!
Obrigado! Todos comentários são bem vindos!
ExcluirOlá Mira,
ResponderExcluirBem interessante a sua proposta do blog. Parabéns!
abraço,
Liliana Emparan
Olá Lilian,
ExcluirObrigado!
Espero que o Blog também seja um espaço para nossas discuções.