Escutar aqueles que não
falam e propor um modelo para esta clínica, aparentemente, para alguns, pode
soar absurdo, uma vez que dentro dos paradigmas psicanalíticos supomos que é
necessário um sujeito que fale e outro que escute sobre uma transferência. Os
bebês e a maioria das crianças que sofrem das patologias precoces do contato com
o outro não falam, mas sempre são acompanhados por aqueles que muito têm deles
a falar.
Desta forma, o atendimento
destas crianças ou bebês contempla pelo menos mais uma pessoa: aquela que se
responsabiliza pelos seus cuidados e exerce a função materna. Neste modelo,
acredita-se que a constituição do sujeito psíquico deva ser realizada com a
presença daqueles que exercem esta função.
A principal particularidade
do atendimento de criança é a maneira como este é demandado: sempre haverá,
primeiro, um adulto falando por ela. Um adulto a quem o sintoma ou manifestação
da criança fez sentido ou é reconhecido como fonte de sofrimento.
Portanto, o atendimento
pode implicar em várias constelações, em geral, logo entra em cena a família.
Na maioria das vezes, atender uma criança implica em escutar toda a família.
Esta situação será mais gritante quanto menos a criança puder falar por si.
Quanto menos fala o sujeito, mais falam por ele, demandam por ele. Será
necessário, então, entender esta demanda e explicitá-la. O manejo destas outras
falas em torno da criança estará diretamente ligado a uma concepção, ou melhor,
ao diagnóstico que o clínico fará da situação.
Muito legal este texto. Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!
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