segunda-feira, 27 de agosto de 2012

UMA CLÍNICA PARA QUEM NÃO FALA


Escutar aqueles que não falam e propor um modelo para esta clínica, aparentemente, para alguns, pode soar absurdo, uma vez que dentro dos paradigmas psicanalíticos supomos que é necessário um sujeito que fale e outro que escute sobre uma transferência. Os bebês e a maioria das crianças que sofrem das patologias precoces do contato com o outro não falam, mas sempre são acompanhados por aqueles que muito têm deles a falar.
Desta forma, o atendimento destas crianças ou bebês contempla pelo menos mais uma pessoa: aquela que se responsabiliza pelos seus cuidados e exerce a função materna. Neste modelo, acredita-se que a constituição do sujeito psíquico deva ser realizada com a presença daqueles que exercem esta função.
A principal particularidade do atendimento de criança é a maneira como este é demandado: sempre haverá, primeiro, um adulto falando por ela. Um adulto a quem o sintoma ou manifestação da criança fez sentido ou é reconhecido como fonte de sofrimento.
Portanto, o atendimento pode implicar em várias constelações, em geral, logo entra em cena a família. Na maioria das vezes, atender uma criança implica em escutar toda a família. Esta situação será mais gritante quanto menos a criança puder falar por si. Quanto menos fala o sujeito, mais falam por ele, demandam por ele. Será necessário, então, entender esta demanda e explicitá-la. O manejo destas outras falas em torno da criança estará diretamente ligado a uma concepção, ou melhor, ao diagnóstico que o clínico fará da situação.

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Mira